É importante saber o papel do psiquiatra e desmistificar algumas dúvidas. Só o conhecimento transforma o preconceito em luta pela causa.
Sumário:
- O que é um psiquiatra?
- Qual a diferença entre psiquiatra e psicólogo?
- Quando devo procurar um psiquiatra?
- Quem devo procurar primeiro – psiquiatra ou psicólogo?
- Eu posso ficar louco?
- 5 dicas para sua primeira consulta com o psiquiatra
Psiquiatra é o médico que te acolhe, presencial ou por telemedicina, para ajudar você a cuidar de sua mente e de suas emoções.
Dra. Luciana Rêgo é psiquiatra, membro do Colégio Internacional de Neuropsicofarmacologia (CINP). Está preparada para te atender de modo acolhedor e explicar com clareza sobre o tratamento.
O que é um psiquiatra?
Psiquiatra é um médico que se especializa em diagnosticar e tratar doenças mentais. O adoecimento mental compreende alterações de nossas emoções, pensamentos e comportamentos, que estão destoantes daquilo considerado normal.
É importante lembrar que o conceito de normal e de patológico é complexo e muitas vezes pode ser alterado a partir de mudanças e construções sociais.
Qual a diferença entre psiquiatra e psicólogo?
Em linhas gerais, o psiquiatra é o médico que fez o curso de medicina com duração de 6 anos e depois fez residência médica em psiquiatria com duração de 3 anos. Como sua base é uma formação médica, o psiquiatra é habilitado a diagnosticar e prescrever medicamentos que auxiliem no tratamento de doenças.
Já o psicólogo é o profissional que fez o curso de psicologia com duração de 5 anos. Pode ter afinidade por múltiplas linhas de abordagens, como psicanálise, cognitivo comportamental, análise do comportamento, entre várias outras abordagens que são validadas para ajudar o paciente a lidar com os seus sofrimentos, dilemas de vida e emoções.
Ambos os profissionais compartilham saberes que se somam no cuidado integral do paciente.
Quando devo procurar um psiquiatra?
Você deve procurar um psiquiatra quando sentir que sua saúde mental está afetando suas atividades diárias ou gerando algum tipo de sofrimento persistente.
A saúde mental está relacionada a um estado de bem-estar emocional, mental e social, que permite às pessoas enfrentarem os desafios da vida, como trabalhar produtivamente, socializar, aprender coisas novas, engajar em novos projetos, ter habilidades para estabelecer e manter relacionamentos saudáveis.
Nem sempre é fácil perceber que precisamos de uma avaliação especializada em saúde mental. Até porque, reconhecer essa necessidade exige autoconhecimento e mais ainda uma quebra de preconceitos, que infelizmente ainda são muito arraigados em nossa sociedade.
Na dúvida procure uma avaliação com o psiquiatra.
Afinal, um bom psiquiatra vai entender junto ao paciente os padrões comportamentais, que podem estar dentro da normalidade ou muito desproporcionais e assim, ajudá-lo a melhorar.
Se você está enfrentando algum problema relacionado a:
- Ansiedade
- Tristeza profunda
- Pensamentos negativos e autodestrutivos
- Desesperança
- Isolamento social importante
- Alterações de apetite
- Rigidez comportamental
- Dificuldades nos relacionamentos interpessoais
- Problemas de sono
- Problemas de atenção e concentração
- Problemas com uso de álcool e outras substâncias
É importante buscar ajuda profissional especializada.
Quem devo procurar primeiro – psiquiatra ou psicólogo?
Não existe resposta certa ou mais adequada. Os dois tipos de profissionais devem ser capacitados para avaliar e indicar um ao outro. Mas, muito do receio dos pacientes irem ao psiquiatra em primeira avaliação é por acharem que já vão sair com uma indicação de tomar remédio.
Apesar dos psiquiatras se utilizarem das medicações como uma das principais ferramentas de cuidado, um bom psiquiatra sabe quando indicar, e mais ainda, quando não indicar uma medicação.
Eu posso ficar louco?
A ideia de loucura está muito relacionada à psiquiatria de uma maneira estigmatizante, por questões históricas, filosóficas e sociais. O conceito de loucura pode ser amplo e diverso a depender de seus contextos.
No princípio sempre foi utilizado de maneira excludente. E não é à toa que ainda hoje temos enraizados tantos preconceitos em nossas mentes.
Diante de uma abordagem histórica a loucura está muito relacionada à ideia de psicose – uma perda de contato com a realidade, com alterações do pensamento e comportamento em que o indivíduo não é capaz de determinar-se, ou seja, de responder pelos seus atos.
É muito comum pacientes terem medo de ficarem loucos, no sentido de perder o controle de seus pensamentos e de suas ações.
É importante saber que todas as pessoas que estão expostas a situações de estresse, de medo, de vulnerabilidades ambientais podem em maior ou menor grau, a depender de uma predisposição genética, precisar de acompanhamento psiquiátrico, pelo menos alguma vez ao longo da vida. Assim como, podemos em algum momento precisar de acompanhamento com ortopedista, com cardiologista, com reumatologista ou qualquer outra especialidade médica.
No entanto, o que é ser louco nos tempos de hoje?
Eu acredito que loucura é você ficar preso a crenças do passado, é você se limitar com medo do que os outros vão falar. É você estar em um mundo com tanto acesso a informações, mas não utilizá-las a seu favor.
Loucura é você não ter coragem de buscar uma rede de apoio quando precisa. Loucura é ser indiferente ao seu sofrimento e ao sofrimento do outro. Loucura é perder-se por brigas de egos. Loucura é você ter mente e não cuidar dela. Loucura é ter vergonha e preconceito.
O preconceito afasta as pessoas que realmente precisam de tratamento. E isso gera sofrimento para si e para seus familiares. Transforme-se, cuide-se. Conheça-se! O conhecimento liberta dos preconceitos.
5 Dicas para sua primeira consulta com o psiquiatra:
É normal ter um certo receio de ir na primeira consulta com o psiquiatra? Se isso acontece com você, saiba que essa insegurança acontece com a maioria dos pacientes. E um dos desafios do psiquiatra é reconhecer isso, e tornar esse contato o mais acolhedor possível.
Sabe aquele medo que temos na entrevista do primeiro emprego, da primeira vez que dirigimos sozinhos, da primeira viagem para o exterior? É natural ficarmos mais ansiosos em todos os momentos em que fazemos algo pela primeira vez.
Então saiba que vai dar tudo certo! Estamos aqui para te ajudar!
Aqui vou escrever algumas dicas que considero importante para otimizar esse primeiro contato:
- Se você preferir anotar os principais sintomas que estão incomodando, tente resgatar há quanto tempo isso começou. Às vezes no nervosismo é comum esquecer algo importante;
- Não fique constrangido em falar algo que ache delicado, mas que seja fundamental abordar já no primeiro contato. Saiba que a consulta psiquiátrica é um momento seu, em que o profissional não está ali para julgar, para atribuir juízo de valor. Além do mais, é um espaço sigiloso e seguro.
- Não queira falar tudo da sua vida, é impossível em uma primeira consulta aprofundarmos em absolutamente tudo. Então fique tranquilo, deixe o diálogo fluir. O psiquiatra vai conseguir extrair os dados mais importantes. Saiba que o acompanhamento ao longo do tempo é fundamental para estreitar o vínculo e fortalecer a confiança mútua.
- Leve exames recentes, seja de sangue ou exames de imagem. O psiquiatra é médico e devemos sempre avaliar alterações orgânicas (função tireoidiana, dosagens de vitaminas…).
- Não saia com dúvidas sobre as orientações.
Espero ter ajudado! Vamos juntos, degrau por degrau nessa jornada de transformação em busca de sua saúde mental e física.
Dra. Luciana Rêgo
Médica Psiquiatra
CRM-SP: 212125
RQE: 114648
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