O transtorno bipolar é uma condição que pode acontecer em qualquer fase da vida, sendo mais frequente o surgimento em pacientes jovens, entre 15 a 25 anos. Muitas vezes o atraso no diagnóstico gera muitos prejuízos para o paciente e seus familiares.
Sumário:
- Transtorno bipolar: o que é e quais os sintomas?
- O que é transtorno bipolar tipo I e tipo II?
- Como é o tratamento do bipolar?
- Paciente com diagnóstico de transtorno bipolar pode beber álcool?
- Como lidar com o diagnóstico?
Dra. Luciana é médica psiquiatra e trata pacientes com transtorno afetivo bipolar. Ajuda muitas pessoas a viverem com maior estabilidade de humor, sem perder o controle de seus próprios pensamentos, emoções e ações. Dra. Luciana é especialista em transtorno bipolar.
Veja o que os pacientes estão falando sobre o atendimento da Dra. Luciana:
Veja mais depoimentos no Doctoralia
Transtorno bipolar: o que é e quais os sintomas?
O transtorno bipolar é uma doença cerebral caracterizada por episódios de alterações anormais de humor ao longo da vida. Durante esses episódios o paciente apresenta prejuízos no funcionamento profissional ou social.
As fases mais características da doença são os episódios depressivos e os episódios de euforia (também descritos como hipomania ou mania a depender da duração e intensidade).
O transtorno bipolar é uma condição crônica e não tem cura até o momento atual. No entanto, com tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e levar uma vida sem prejuízos e satisfatória.
Porém quando o paciente não adere ao tratamento ou tem dificuldade de adaptação aos medicamentos fica mais difícil atingir essa estabilidade.
E o paciente pode sentir com suas emoções a flor da pele, pois muitas vezes é difícil lidar com tantas mudanças de humor.
Nos estados de hipomania ou mania, muitas vezes o paciente se sente bem, mas começa a se expor a situações de risco, como gastos excessivos, ficar andando sem destino, sentindo-se com muita energia, muito falante. Muitas vezes perde o filtro social, ou seja, passa a fazer coisas que no seu estado normal não faria.
Nos estados depressivos, tendem a ser depressões mais graves, com hipersonolência diurna, muitos pensamentos negativos que colocam em risco sua própria vida. Muitas vezes, mesmo deprimido, o paciente apresenta maior ansiedade, maior inquietação.
Os principais sintomas da euforia são:
- Humor persistentemente grandioso ou irritável
- Estado de sentir-se muito bem, grandioso e com poder
- Aumento de energia
- Diminuição da concentração
- Pensamentos acelerados
- Mais falante
- Diminuição da necessidade de sono
- Impulsividade
Os principais sintomas de depressão são:
- Humor deprimido a maior parte do tempo
- Perda de interesse e de prazer
- Fadiga ou perda de energia
- Sentimento de culpa ou inutilidade
- Perda ou ganho importante de peso
- Agitação ou retardo psicomotor
- Diminuição dos pensamentos e da concentração
- Pensamentos de morte
O que é transtorno bipolar tipo I e tipo II?
O transtorno bipolar é dividido em tipos de acordo com as suas características e apresentação ao longo da vida.
Existem divergências nas classificações, alguns especialistas preconizam a existência de vários tipos de apresentação do bipolar (e assim como o ‘espectro autista’, consideram o ‘espectro bipolar’) e não apenas a tradicional divisão em tipo I e tipo II.
Mas, classicamente o bipolar tipo I tem pelo menos um episódio de mania ao longo da vida. E o bipolar tipo II apresenta pelo menos 1 episódio de hipomania e 1 episódio de depressão ao longo da vida, sem nunca ter apresentado mania.
A grande questão é que o bipolar tipo I e tipo II possuem comorbidades, apresentações, curso de doença e tratamentos diferentes.
Como é o tratamento do bipolar?
O tratamento do transtorno bipolar deve ser amplo, com orientações de mudança de estilo de vida, priorização de sono adequado, apoio familiar, psicoterapia e medicações.
As medicações visam tanto melhorar as fases de euforia e de depressão, quanto evitar que o paciente apresente novos episódios ao longo da vida. Este é o grande objetivo do tratamento de manutenção – evitar recaídas.
As classes de medicações mais utilizadas são os estabilizadores de humor e antipsicóticos.
Paciente com diagnóstico de transtorno bipolar pode beber álcool?
O consumo de álcool pode afetar negativamente a saúde física e mental de qualquer pessoa. O álcool é considerado uma droga depressora do sistema nervoso central, e pelo seu mecanismo de ação promove alterações no humor, no nível de consciência.
Além disso, o impacto do álcool no transtorno bipolar pode ser ainda mais significativo, pois o álcool pode interagir com os medicamentos usados para tratar a condição, podendo ou “cortar o efeito da medicação” ou até potencializar os efeitos colaterais da medicação e do próprio álcool. E isso tende a agravar os sintomas do transtorno bipolar.
Em geral, é recomendado que as pessoas com transtorno bipolar evitem o consumo de álcool ou, se optarem por consumir, que o façam com moderação e sob orientação médica.
Até porque sabemos que o uso nocivo de substâncias ou o próprio padrão de dependência química, pode estar relacionado com o quadro de transtorno bipolar.
Como lidar com o diagnóstico?
Fui diagnosticado com Transtorno afetivo bipolar (TAB) e agora?
O diagnóstico de transtorno afetivo bipolar pode ser uma notícia difícil para o paciente e seus familiares, e é comum que haja resistência ou dificuldade em aceitar a condição.
E é importante entender que cada pessoa vai ter o seu processo, com tempos diferentes sobre o entendimento e aceitação desse diagnóstico.
Algumas medidas são muito importantes:
- Educação sobre a condição: Cabe ao psiquiatra explicar ao paciente sobre o diagnóstico, como é a evolução da doença, qual o prognóstico, como é o tratamento, o que se espera com o uso das medicações. É interessante que os familiares também recebam essas informações para aumentar a compreensão e reduzir os preconceitos.
- Terapia: a terapia é fundamental para trabalhar com o paciente sobre a aceitação do diagnóstico, ampliar o entendimento de suas mudanças de humor e melhorar a adesão do paciente ao tratamento medicamentoso.
- Apoio familiar: O apoio familiar é fundamental até mesmo para encorajar o paciente a manter o tratamento, para gerar um espaço fortalecedor de apoio emocional. E também, porque é muitas vezes nesse momento que também diagnosticamos algum outro familiar que nunca recebeu diagnóstico anteriormente, já que o transtorno bipolar tem um forte componente genético.
- Estilo de vida saudável: Manter boa alimentação, priorizar noites de sono bem dormidas e regularidade do horário de acordar e dormir, realizar atividade física regular. Tudo isso pode melhorar muito a qualidade de vida do paciente.
Vale lembrar e reconhecer que cada paciente é singular e sua existência é muito maior do que os sintomas que manifestam ao longo de sua vida.
Nosso intuito é promover aumento do bem estar e qualidade de vida de nossos pacientes.
O transtorno bipolar tem tratamento. Não deixe de buscar ajuda de um psiquiatra competente. O tratamento adequado pode transformar vidas.
Dra. Luciana Rêgo
Médica psiquiatra
CRM-SP: 212125
RQE: 114648